Todos somos orientados por uma
base ideológica. A questão é: sua base ideológica é inclusiva ou excludente.
No último
sábado, 1° de outubro, nós, alunos da rede pública estadual e fundamental das
cidades de Nova Olinda, Santana do Cariri e Altaneira aliados aos professores e
universitários da região do Cariri articulamos pelas redes sociais o movimento “Sem
discussão não tem reforma não”.
O principal
objetivo da mobilização foi discutir a Reforma do Ensino Médio e a Medida
Provisória enviada ao Congresso Nacional no dia 22 de Setembro pelo governo
ex-interino Michel Temer. Essa MP altera no currículo a carga horária de
800 para 1400 horas e propõe que o mesmo seja organizado por área do
conhecimento.
Em plena
manhã do 1º sábado de outubro, mais precisamente às 09h00min, saímos da Igreja
Matriz de São Sebastião em direção a uma praça abandonada pelo Poder Público
Municipal com gritos de “Fora, Temer”.
Tenho
certeza que aquela energia jovial não contagiou só a mim, pois todos lutavam
por um bem comum – o direito de opinar, ser notado. Foi justamente com essa
energia que finalizamos nosso movimento com um debate sobre a temática
abordada, em que professores e estudantes presentes discutiram o que seria
melhor para o ensino. Nada melhor que uma discussão feita por quem vivencia
diariamente a educação pública de um país, que tanto negligencia a função do professor.
Eu, Pablo
Luan, estudante da 3ª série do Ensino Médio, tenho uma visão pessimista acerca
dessa MP. Uma vez que sempre estudei em escola pública, e sei dos problemas
cruciais que elas apresentam, sobretudo, a má infraestrutura.
Acredito que
o ensino público necessita de uma reforma sim, mas não de forma tão imediatista
e sem ao menos consultar professores e alunos: este último quase nunca é citado
para opinar sobre a temática.
Precisamos
estimular nossos alunos da BASE, ou seja, ensino infantil. Na Argentina,
incluíram Cinema na grade curricular de escolas infantis. Isso é fantástico!
Isso é lúdico! Isso mostra preocupação com o futuro da nação e, não apenas
favorece a valorização da cultura local, mas também incentiva os jovens a
consumirem e a participar do mercado de filmes argentinos.
No entanto,
no Brasil, os governantes optam por formar, qualificar mão de obra barata ao
invés de financiar projetos educomunicativos para desenvolvimento das
habilidades artísticas do educando.
Além disso,
a MP também propõe a retirada de disciplinas como Filosofia e Sociologia, que
são de suma importância para o desenvolvimento do pensamento crítico e
astucioso.
Para mim, a
retirada dessas matérias visa, sobretudo, a implantação do projeto de lei
“Escola sem partido” ou como eu prefiro chamá-lo: “escola da mordaça”, proposta
por um senador brasileiro EVANGÉLICO, com ideal de neutralidade.
Por exemplo,
ideologia de gênero não poderia mais ser trabalhada na sala de aula. Gosto
muito de uma frase de Paulo Freire: “Não existe imparcialidade. Todos somos
orientados por uma base ideológica. A questão é: sua base ideológica é
inclusiva ou excludente”. Bom, pela ideia do projeto já responde a pergunta.
Por fim,
gostaria de agradecer imensamente aos nossos professores(as) Eleniuda Virgulino,
Nicolau Neto, Lucélia Muniz, Cirlaedna Pereira, Elisângela Oliveira, Marta Lima,
Ranielda Bernardes e todos educadores que lá estavam presentes naquela manhã
ensolarada.
Agradeço
também aos universitários que nos ajudarem na articulação: Márcio do Santos,
Adeciany Castro, Karem Suelem, Aline Alves, Ana Geórgia e aos demais. Por último,
mas não menos importante quero agradecer aos meus colegas de sala e estudantes
das demais escolas que se fizeram presente: Parabéns pelo empenho de todos!
Avante!
Luan Moura
Componente
da Rede de Blogs de Nova Olinda-CE
Ato magnífico! Vamos as ruas e estaremos na luta o quanto preciso for. Avante!
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